sábado, 6 de dezembro de 2008

Coisas que são certinhas como a noite

Talvez por já estarem as ruas iluminadas, a verdade é que sonhei que era o Menino Jesus feito criança e acabado de nascer.

O importante não é isso, mas o facto de ter nascido num presépio de verdade, onde eu estava nas palhas deitado. Era de noite e ouvia-se aquela serenata linda do Dr. Iglésias.

Havia uma estrela que deitava muita luz e a meu lado em pé, com cara de sabichão o Mestre, sim Mestre Funes feito D.José. A minha mãe, olhava-me e sorria, com olhar de vaca terna e sorriso maroto, mas a luz era tanta que consegui ler na perfeição, num choupo de madeira estava escrito, Saphou, afinal eu tinha sido parido, pela minha princesa, ainda virgem segundo dizem.

Deu para ver, ajoelhado à distância o privada sanitária ajoelhado mais o seu porco sebento mas de barrete enfiado. Andava assim desde a última colheita do vinho doce, coitado, triste mas não quis faltar.

Assim como não faltou a Drª Mac e o seu molhinho de hortaliças e um grande hélas para mim, cada um dá o que pode e a mais não é obrigado.

O Dr. Jorge anda em exames lá no seminário e faltou assim como a Drª Alferes que devia estar de serviço, e Drª Blimunda que se perdeu lá pelo rio quadrado.

O Dr.Fedor ia botar discurso de rei, comprido e chato, para ninguém perceber e tomá-lo por bom, acabando com 3 poemas em alemão, para dar classe.

O Dr.Espírito Santo, abandonara por momentos o sexo indiano platónico, que durava há 2 dias e trouxe-me o ouro devidamente abalizado pelo governo, que depositou junto dos meus off-pézinhos.

Não consegui ver o rei Obama menos branco, parece que os outros o mandaram comprar tabaco à tasca do Adérito e estava atrasado

Um bafo quente aquecia-me o pescoço, sentia-o dum ruminante experiente, habituado a muitos papos e muita conversa profissional, sempre bom para embalar bébés, mesmo a mim filho do senhor Deus. Era um sopro Abrupto, como que a fazer-se boi forte ao lado da sua dama , que ruminava em silêncio, sempre sem mugir nada.

A Drª. Odete esvoaçava de braços abertos percorrendo todo o cenário, de asas bem alinhadas e túnica vermelha, chamava pela Luisa e não sei quê da calçada, confesso que achei um bocadinho deslocado. Já agora tinha preferido o "Ser benfiquista".

Lembro-me perfeitamente era um presépio sem burros, julgo por terem subscrito o programa das novas oportunidades.

De repente acordei, havia um camelo que queria entrar no meu sonho, mas como não cabia, por causa da bossa, estremunhei-me e zás, acordei.

Foi duro nesse dia, apanhar o barco para o Barreiro. Eu que estive quase a ser filho de Deus, com o Mestre e os outros doutores todos em adoração, afinal tinha que apanhar como todos os dias o barco do Barreiro e ir tosquiar os pelos púlpitos da Laurinda saguim.

Como diria a Drª Mac quando está com a metafísica em baixo, ele há coisas que são certinhas como a noite

2 comentários:

mac disse...

Há dias em que custa tanto acordar!

Eu nunca sonhei que era o Menino (se calhar porque sou menina, o subconsciente tem destas maluqueiras) mas já sonhei com a luz. Também foi difícil para mim, ir para o trabalho nesse dia.

mac disse...

E já agora - como sempre, lamento desenganar alguém, é sina triste, ai, ai - eu não quero saber de hortaliça,a minha linha de negóco são as Folhas de Couve.