quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Por favor cuidado com os menos brancos

Eu não tenho feitio para andar a fazer queixinhas e a bufar sobre coisas que leio nalguns sítios por aí.

Vem a propósito dum que tenho visitado, que é escrito por um senhor Moçambicano, que me parece negociar em mobílias e é menos branco, quase nada digamos.

Pois a gente que visita o local, não se cansa de o martirizar, com comentários com frases assim de meias tintas (agora fui eu sem querer), e piadas de mau gosto como por exemplo, insinuar que se o Obama ganhar as eleições na América, pelo menos faz contraste, estão a ver a ideia, Casa Branca presidente, pouco branco, enfim coisas de mau gosto.

Além disso o senhor, como é natural, tem aqueles rituais antigos, lá do Paquistão. Coisas da sua cultura, como banhos em bosta de búfalo e de porco.

Nem queiram saber o gozo que foi, não sei quê do vice-Deus, chicotadas com arbustros, que o senhor recusou porque se há coisas que aquela religião defende é a conservação da natureza.

Eu tento dar-lhe apoio e coragem para prosseguir a sua caminhada, mas francamente incomoda-me ver uma quantidade de doutores, à volta dele gozando com a sua fragilidade.

O sócio dele e médico de família, também colabora no poiso, é mais discreto e sempre de fugida, (deve ser hábito que lhe fica da profissão) e deve ser por causa dele que o tal senhor pouco branco, não sai de lá

Por favor cuidado com a forma como falam dos menos brancos, repito, eles também têm sangue vermelho nas veias como nós e lágrimas salgadas e filhos pequenos, essa coisas todas que as pessoas normalizadas como nós têm.

12 comentários:

ZekezCarvalho disse...

Vou inaugurar os comentários no seu blog! Garanto-lhe novamente que não sou médico (nem nada parecido) e também não sou DOUTOR, mas apenas Lique. Os comentários no blog do Funes (que apesar de nascido em Moçambique é caucasiano de gema) são em parte formulados por frequentadores que não se conhecem entre si e não conhecem o dono do blog, nem a mim que não tenho tempo nem inspiração para escrever regularmente. Outros conhecem-se, ou conheceram-se recentemente em jantar(es) realizados ad hoc. E outros (poucos) são amigos há muitos anos. Você é bem vindo e mais será se continuar a escrever regularmente. Viva o alentejo, sobretudo se não estiver muito calor. E boa sorte.

pbl disse...

Parabéns, Álvaro.
Não sei é como não me lembrei antes de fazer uma coisa assim
Brilhante.

António Conceição disse...

Ó ÁLVARO,

Você calha-me. Tenho aqui em casa uma mobília de verga catita. Da Madeira. Do melhor. E hoje, como você me parece um tipo como deve ser, faço-lhe uma atençãozinha. Ainda agora me apareceu aqui o PBL que me oferecia 20.000 por ela. Mas o PBL é de uma casta impura. Imagine que é capaz de comer carne de cão com a mão direita e a olhar o pôr do sol. Por outro lado, eu gosto de você e o Narana Coisseró e o Rabindranath Capelo de Sousa disseram-me bem de si. tenho a mobília aqui reservada. É uma coisa de luxo. Você vai gostar.
Aguardo o seu contacto. Se eu não o atender é porque fui tomar banho ao Ganges.

António Conceição disse...

O voto no inquérito ao lado é meu. Escolhi a primeira opção.

António Conceição disse...

Agora a sério:

Para perceber o problema da purificação com bosta de búfalo, tem que reparar que na coluna do lado do meu blogue há uma rubrica chamada "Citação borgeana da semana". Acontece que a citação que lá estava na semana passada era esta, extraída de um conto de Jorge Luis Borges intitulado "Aproximação a Almotasím":

"Seu protagonista visível - nunca se nos diz seu nome - é estudante de Direito em Bombaim. Blasfematoriamente, descrê da fé islâmica de seus pais, mas, ao declinar a décima noite da lua de muharram, encontra-se no centro de um tumulto civil entre muçulmanos e hindus. É noite de tambores e invocações: entre a multidão adversa, os grandes pálios de papel da procissão muçulmana abrem caminho. Um ladrilho hindu voa de uma sotéia; alguém afunda um punhal num ventre; alguém - muçulmano, hindu? - morre e é pisoteado. Três mil homens lutam: bastão contra revólver, obscenidade contra imprecação. Deus, o Indivisível, contra os Deuses. Atônito, o estudante livre-pensador entra no motim. Com as mãos desesperadas, mata (ou pensa haver morto) um hindu. Atroadora, eqüestre, semi-adormecida, a polícia do Sirkar intervém com rebencaços imparciais. Foge o estudante, quase sob as patas dos cavalos. Busca os últimos arrabaldes. Atravessa duas vias ferroviárias ou duas vezes a mesma via. Escala o muro de um desordenado jardim, com uma torre circular no fundo. Uma chusma de cães cor de lua (a lean and evil mob of mooncoloured hounds) emerge dos rosais negros. Acossado, busca amparo na torre. Sobe por uma escada de ferro - faltam alguns lances - e no terraço, que tem um poço enegrecido no centro, dá com um homem esquálido, que está urinando vigorosamente, agachado, à luz da lua. Esse homem lhe confia que sua profissão é roubar os dentes de ouro dos cadáveres trajados de branco que os parses deixam nessa torre. Diz outras coisas vis e menciona que faz quatorze noites que não se purifica com bosta de búfalo. Fala com evidente rancor de certos ladrões de cavalos de Guzerat, "comedores de cães e de lagartos, homens enfim tão infames como nós dois". Está clareando: no ar há um vôo baixo de abutres gordos. O estudante, aniquilado, adormece; quando desperta, já com o sol bem alto, desapareceu o ladrão. Desapareceram também um par de charutos de Trichinópoli e umas rupias de prata. Diante das ameaças projetadas pela noite anterior, o estudante resolve perder-se na Índia. Pensa que se mostrou capaz de matar um idólatra, mas não de saber com segurança se o muçulmano tem mais razão que o idólatra. O nome de Guzerat não o deixa, e o de uma malka-sansi (mulher da casta dos ladrões) de Palanpur, muito preferida pelas imprecações e ódio do despojador de cadáveres. Argúi que o rancor de um homem tão minuciosamente vil importa em elogio. Decide - sem maior esperança - buscá-la. Reza e empreende com lentidão firme o longo caminho. Assim acaba o segundo capítulo da obra.

Pode ler o conto todo aqui.

pbl disse...

Porra, pá, assim confunde o homem.

Álvaro disse...

Confesso-me honrado com a gentileza da vossa presença.

O sr. Lique Carvalho, afinal não é médico, peço desculpa mas foi a Drª Saphou que disse, (já não me lembro se em inglês, ou em alemão que ela é pentalingue), que dobrasse eu a minha única língua.

O Sr. Lique está a dar-me novidade, sobre o grupo, que grande confusão por ali vai, mas é giro e confesso que os comentários, são melhores que o texto principal.

Mas é engraçada a confraternização, doutores, monhé da mobílias, o senhor da Peixaria Aquarius, aquele tosco mal disposto do kkk,enfiam é muito pluri tudo.

Muito gosto Sr.Lique,( Zekez é alcunha ?)

Álvaro disse...

Obrigado sr.PBL

Não se esqueça do bacalhau, agora pró Natal, vende-se bem

Álvaro disse...

obrigado Sr.Funes

Por acaso julgava que o sr, fosse Aga Khan, aquela seita dos gajos que jogam bem à bola, mas como me fala no Coissoró e no Rabinote os gajo são mais pró hindu, fico na dúvida.

Não é que isso interesse, são todos criaturas de Deus e têm sangue vermelho nas veias e miúdos pequenos.

Não me diga que o Sr.da Peixaria, também não é dos normalizados.

Este vosso blogue é uma caixa de surpresas todos os dias.

O Sr. Lique disse-me que o senhor embora nascido em Moçambique era de origem estrangeira,da Ásia e eu que julgava que era de origem paquistanesa.

Mas final a guerra transportou, muita gente dum lado para o outro, e atrapalhou muito esta coisa das raças.

A mobília agora não me calha.

O Borges é aquele senhor com deficiência que escreve e tem um olho meio fechado ?

Pelos vistos escreveu um livro de receitas, recomendando bostazinha do búfalo.

Por acaso li aquela da citação borgeana da semana mas pensei que era um convite para a borga para rebaldaria.

Não associei ao zarolho.

vc é amigo da família ? Sabe se ele é alguma coisa à Manuel Borges, aquela fulana que têm um restaurante típico e que organiza casamentos e baptizados ?

Tenho um amigo que anda à procura, se souber alguma coisa diga

mac disse...

Ora bem, abriu a tasca ao público indiferenciado e boçal, os meus agradecimentos pela permissão, que em sítios finos não me deixam entrar.

Venho tarde e a más horas, verifico; mas não se aborreça comigo porque ouvi dizer que quem faz o que pode a mais não é obrigado... Não sei se é verdade, mas por agora dá jeito.

Acho sinceramente (um conselho sem interesse escondido, juro que não levo nada pela consulta) que devia mudar de oculista - não era um preto na casa branca (que horror, um contraste brutal, eu era incapaz...) era um preto camuflado na escuridão do futuro dos USA.

Espero que não leve a mal os meus mui humildes Bitates, é defeito de formação - o fabrico é um bem altamente sobrevalorizado.

mac disse...

Por amor de Deus e das almas incautas...

"Vote nesta enquete"??? Mas afinal, além de alentejano, Doutor e trilingue, Vosselência é também obscurantista?!?

Rais parta a minha sorte aziaga, só deparo com gente anómala.

Álvaro disse...

Sempre gentil e delicada Drª.Mac tods couve flor, toda finaçs e vá de arriar cá no Álvarito. A tasca estava em obras estava a fazer umas arrumações e a Drª a bater á porta.

Isto aqui é para todos qualquer dia ponho uma musiquita e tudo, para animar e pode aparecer ás horas que quiser, quando estiver liberta lá da hortaliça.

Formada em bitates é o que há mais por aí, mas está inscrita na Ordem ou não exerce ?

Confesso que já vi melhor em trocadilhos esse do

era um preto camuflado na escuridão

não é muito brilhante digamos que é uma piada opaca.

Anómala ? Gente anómala ? Há por aqui mais alguém ? Conte-me lá venham lá esses bitates.

Foi aluna do prof. Gonçalves ?